terça-feira, 10 de junho de 2008

A palavra é do Visitante

E na estréia da coluna: Fernanda Galvão

Era da informação... Até que ponto?

Muito se fala, hoje em dia, que nos encontramos em uma sociedade midiática, ou seja, nossas relações sociais são geridas pelos meios de comunicação de massa. Porém, há de se discutir dois pontos fundamentais: o grupo social em questão e a relação que esse grupo possui com os meios massivos de comunicação social.

Primeiramente, não é toda a sociedade que está conectada na grande aldeia global, visto que boa parte dos brasileiros - apenas para termos uma idéia - é analfabeta e não possui recursos para ter nem manter uma máquina tecnológica. Tratemos então dos grandes centros urbanos. Os valores transmitidos pela mídia são, há muito, bem pensados e estruturados. Por exemplo, a Escola de Chicago, com a Teoria Hipodérmica.

O jornalista não apenas informa como imprime sua personalidade e ideologia nos fatos que noticia. Não há como ser diferente. Portanto, é ingenuidade pensarmos na tal imparcialidade jornalística. Basta analisarmos o editorial, por exemplo. Ora, o editorial é a opinião do veículo. Logo, quer induzir o receptor a alguma mensagem ou pensamento. Assim como se pensava no pretérito - e realmente acreditava-se que o repórter transmitia puramente uma informação - muitos criam na objetividade da fotografia, por exemplo. Os mass media vivem da imagem, seja estática ou interativa, como os vídeos. Mas, até que ponto a fotografia é realmente o registro do real? O fotógrafo tem total liberdade para escolher o melhor ângulo, o melhor enquadramento, logo, é ele quem determina esse "real".

Os empresários da Comunicação sabem da influência que os meios causam na sociedade - e eles são desenvolvidos para isso mesmo - e continuam a injetar a cultura da autoridade e credibilidade midiática, que imperam no período moderno. Hoje, vale tudo para estar na mídia. As empresas de Comunicação estudam seu público-alvo, não só para melhor atendê-lo como, principalmente, para melhor manipulá-lo.

A sociedade moderna, ou como muitos gostam de falar, pós-moderna, se desenvolve pautada nos meios de comunicação, na conhecida Agenda Setting. Se está no jornal, é verdade. É evidente que os mass media são extremamente importantes para que a comunicação se dê através dos povos como, por exemplo, um integrante do governo com a população. Na Grécia Antiga, as pessoas se reuniam em praças públicas, hoje isso não é mais possível devido ao número de habitantes no Brasil ou em qualquer país. A TV, por exemplo, atinge a um maior número de pessoas num espaço curto de tempo.

É muito fácil observarmos a influência da "telinha" com suas novelas e enlatados norte-americanos. O script é feito baseado no cotidiano para criar a identidade do público com o personagem. Depois disso, promove uma realidade inalcançável, como perfeitamente possível - ativa o subjetivo das pessoas, os sonhos, os planos de cada um; a pessoa enxerga o que quer ter, o que quer vivenciar - passa a ter ídolos. Personagens que falam aquilo que ela queria poder falar, roupas das quais ela deseja ter - e terá, pois se endividará durante meses para estar na moda, moda esta ditada sempre, pela mídia.

Todos lutam pela visibilidade midiática. Seja nos Big Brothers, ou nos diários online, nos sites de relacionamentos ou comunidades virtuais. O falecido Enéas enxergou esse meandro do sucesso e trabalhou bem: angariou centenas de votos, não pelo seu discurso político, pela sua ideologia ou planejamento social, mas pela visibilidade midiática que conseguiu, criando um personagem único, agressivo e cômico, fazendo com até quem não conhece e não gosta de política, saiba que ele é o Enéas e que seu número de candidatura é - era - o 56.

A influência - e por que não dizer dominação ? - está por toda parte: nas roupas, na linguagem, nos tipos de cabelo, na modelagem do corpo, nos relacionamentos e até mesmo no campo profissional.

Infelizmente, quem banca os grandes meios de comunicação são as grandes empresas, a tão falada publicidade e ela, está preocupada com números, não com a verdade.


Fernanda Galvão é estudante do 6º período de Jornalismo da Universidade Estácio de Sá. Ela estagia como produtora de chamadas na Rádio MEC.

2 comentários:

Thiago Lopes disse...

Nandinha será a próxima Bia Smidth... (Falcão) hehe fato


ta bacana o blog... vou continuar lendo Fernando.


abraços

Flavio Costa disse...

"Portanto, é ingenuidade pensarmos na tal imparcialidade jornalística."

Essa é a frase mais importante de todo o texto!

Vocês, estudantes de jornalismo, futuros formadores de opinião na mídia, devem impor a escolha acima da hipocrisia que é relatar apenas o que seu editor manda.

Imputem a verdade, a sinceridade e acima de tudo, sua opinião!

Fernandinha, como sempre te falei, sua hora está chegando. Talento vc tem de sobra!

Um beijo grande!

PS: Leia sempre! Jornalista que não lê se torna repórter da Rede TV, Amaury Jr. ou vai cobrir presunto desovado na Baixada Fluminense!