terça-feira, 21 de outubro de 2008

A Palavra é do Visitante

Participação: Ricardo Rubim

Quanto vale um jornalista?


Ser jornalista, talvez, seja um grande orgulho para os que exercem a profissão. Além de ser considerado “formador de opinião”, é responsável por passar para a sociedade os acontecimentos tais como ocorrem. É interessante receber informação, pesquisar, entrevistar e, por fim, colocar em prática a arte de escrever.

Quando entrei para a faculdade de comunicação, minha visão do mundo era bem diferente da que venho construindo desde então. Tornou-se estranho saber que nem todos os meus valores eram certos, e nem errados. Foi doloroso lidar com outras realidades e tentar ser imparcial. Mas foi doído demais saber que, como jornalista, o máximo que consigo é ser objetivo.

Ainda nas salas de aulas do ensino superior, aprendi, através das Teorias do Jornalismo, que bateria de frente com muitas coisas fora de meus planos, e que elas me jogariam dentro de várias realidades. A mais chocante, sem dúvida, é a falta de amor com o próximo. Não tento convencer ninguém que precisamos ser mais humanos, mas acredito que a responsabilidade com a fome, a miséria e a falta de todas as necessidades que milhares de pessoas ainda convivem são frutos de nossas omissões e falta de coragem.

Tenho trabalhado com política neste ano eleitoral (castigo mesmo), mas já fui um jornalista-puta (longe de ser um puta jornalista). Passei por várias editorias. Isso me ajuda até os dias atuais para pensar se cumpro com minhas obrigações, como cidadão e como profissional. Enquanto um homem da sociedade, tento não fechar os olhos para o mal. Procuro analisar o que não prejudicará os outros e como posso melhorar a vida dos que me cercam e também dos que estão muito distantes. Como jornalista, poderia dizer que, por mais que tente, encontro dificuldades; mesmo estando ciente de que as empresas de comunicação visam o lucro como qualquer outra e, sendo assim, tenho que dançar conforme a música, ou seja, escrever o que me ditam.

Sei que trabalho é sagrado, e devemos honrá-lo a cada instante. Mas um grande conflito ainda perturba a mente de muitos colegas de profissão, assim como a minha: como cumprir com o dever da objetividade se o lucro é mais importante e paga o meu salário? Devo dizer aos meus chefes que não vou escrever mentiras e ceder lugar para outro mau caráter que tanto precisa trabalhar? Nesse instante, lembro-me da famosa Teoria Organizacional, em que as vontades dos donos de veículos prevalecem sobre qualquer coisa. Não existe verdade que não se rompa em um mundo onde as pessoas só sobrevivem fingindo. É preciso se fazer de cego, não ouvir algumas palavras e tomar um bom calmante para dormir.

Lembra da pergunta: “Quanto vale um Médico?” O que responderias na questão quanto vale um jornalista? Vou dar duas opções:

A – O jornalista não vale nada, porque deveria ser uma das ferramentas mais importantes para a modificação das mazelas do mundo, mas acaba se entregando às ordens de seus veículos para não perder o emprego.

B – O jornalista deve ser extremamente valorizado, pois abdica, na maioria das vezes, de todas as coisas - inclusive da própria paz interior – apenas por amar aquilo que faz.

Deixe seu comentário com a resposta. Poderemos discutir sobre o assunto com mais clareza e maior profundidade.






Ricardo Rubim é jornalista e editor de política do O Povo do Rio, além de editor-chefe da revista eletrônica Sinceridade.

Um comentário:

Diva disse...

Esse cara é bom!!!