terça-feira, 28 de outubro de 2008

A Palavra é do Visitante

Participação: Raquel Rodrigues

O jornalista da novela


Quando entrei na universidade em 2005, eu tinha certeza de que queria sair dali uma repórter do jornal de todos os dias, aquele que o entregador deixava na casa dos meus vizinhos. Hoje, alguns anos depois, minha vontade é sair da faculdade e buscar uma carreira diferente daquela de uma redação frenética, que paga mal o cara que trabalha sete vezes por semana.

Estava no dia do mestre assistindo a novela das nove, “A Favorita”, e a bela atuação do ator Carmo Dalla Vecchia me fez refletir sobre o papel dele na drama. Zé Bob é exatamente o que eu queria ser há três anos atrás. Investigador, desafiador, com sete vidas e principalmente um super-herói. Tá espantado?! Tenho certeza que essa fantasia não foi só minha... Só no Rio de Janeiro mais de três mil estudantes se formam por semestre em Comunicação Social. E com eles, o sonho de ser o William Bonner ou um "Zé Bob".

O problema dessa imagem que fazemos da profissão é culpa dos próprios meios de comunicação que “glamorizam” o ofício e fazem um espetáculo da atividade. Em tempos em que jornalistas são presos e torturados por traficantes (como no caso dos repórteres do jornal O Dia) ou mortos em atividade (quem não se lembra de Tim Lopes?), a maior empresa de comunicação do Brasil ainda incentiva esse tipo de personagem. Personagem no sentido de atuação mesmo, não no sentido que usamos no jargão jornalístico. Personagem esse que não existe e não pode existir. Porque os meios de comunicação correspondem a interesses, da sociedade - são raros, mas de grupos que detêm certo poder - capital.

É amigo calouro, a historinha que nossos professores nos contam nos períodos iniciais sobre imparcialidade e jornalismo a serviço do povo não é verídica. A imparcialidade passa longe dos noticiários, das páginas do jornal, das rádios e todas as outras formas de comunicação que se concentram nas mãos de poucos. Então se você, como eu, sonhou com a carreira de ser a voz da massa, está na hora de repensar esse papel e encontrar uma nova forma de fazê-lo ou ainda mudar de planos...

Mas, não vamos desanimar, queridos! Ainda há espaço para os que amam a informação. A internet é um deles. Você pode ser dono do seu próprio veículo de comunicação, montar uma empresa, sei lá, inovar! "Botar pra fazer'' - Tá uma onda, né? Contudo se você não tiver idéias ou dinheiro para empreender... Há vagas pra quem quer vestir a camisa de uma empresa, de alguém importante ou quem queira ser; as assessorias de imprensa buscam pessoas declaradamente parciais! E vivam as assessorias que absorvem os profissionais de comunicação que não encontram lugar na ''imparcialidade'' ou ainda aqueles que querem trabalhar apenas de segunda a sexta, com horário de almoço, férias, salário bom e como disse um professor num ambiente super agradável - ar condicionado e obrigação de ver televisão... Coisa chata (rs...)!








Raquel Rodrigues é estudante de jornalismo do 7º período da Universidade Estácio de Sá.

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